quarta-feira, 20 de abril de 2011

Entrevista para o Região de Leiria sobre a nomeação para o The BOBs

A propósito da nomeação aqui do blogue para o concurso internacional de blogues do The BOBs o semanário Região de Leiria, por intermédio do jornalista João Carreira, remeteu para o criador do Movimento Anti-Corrupção algumas questões.

Aqui ficam a perguntas colocadas e as respectivas respostas

RL.O que representa esta nomeação?
MS.Primeiro uma surpresa, depois uma motivação para continuar com o trabalho e iniciativas desenvolvidas. Por fim, uma oportunidade para chegar a mais pessoas e poder passar a mensagem, e de que contamos com elas para fazer mais e melhor.
RL.Quando lançou o blogue e qual a sua motivação?
MS.O blogue foi lançado em 25 de Dezembro de 2010 e surgiu da necessidade de ter um espaço mais perene, editável, e estável para além das actividades nas redes sociais, nomeadamente o facebook. A principal motivação é contribuir para combater os fenómenos da corrupção pela tomada de consciência da nossa responsabilidade e de quanto este mal nos afecta e faz marcar passo.
RL. Quais os números que mais o impressionam sobre a corrupção em Portugal?
MS.Na verdade não há muitos números concretos. Em 2005 o vice-presidente do banco mundial afirmou, com base em 350 indicadores económicos, que Portugal sem corrupção poderia ter o mesmo nível de vida da Finlândia. Em 2010 um estudo da Universidade do Porto afirmava que a economia paralela representava 24,2% do PIB. Mais que os números assusta a resignação e a desresponsabilização de todos.
RL. Já se apercebeu que o blogue tenha feito a diferença em alguma questão específica?
MS. Através do blogue tem se apostado, acima de tudo, na consciencialização. Pode parecer trivial mas o combate à corrupção pela informação, formação e educação tem sido constantemente menosprezado em Portugal. O que vai faltando é a ética e a capacidade de sermos responsáveis e actuar perante uma corrupção que é já cultural. Isso só vai lá com a difusão de novos valores e práticas.
RL. Que feedback tem recebido, quer sobre o blogue, quer no que respeita à petição?
MS. Tenho recebido um pouco de tudo. Desde mensagens de apoio às de resignação e descrédito, mas muitas mais as no sentido de que as medidas propostas já deveriam ter sido implementadas há muito tempo. No fundo, quanto mais tempo perdermos sem nada fazer mais dificilmente a desejada mudança rumo a uma sociedade mais íntegra e transparente acontecerá.

P.S. (Fica o agradecimento pela oportunidade de divulgação a João Carreira e ao semanário Região de Leiria)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Corrupção como atentado à Democracia

 Apresentamos de seguida um excerto de uma parte da fundamentação utilizada no projecto do Movimento Anti-Corrupção para concorrer à categoria Democracia do concurso do Movimento Milénio:

Como sabemos, para que uma democracia - ou "Governo do Povo", do ponto de vista etimológico e ideal do termo -  se concretize, ou seja, exista de facto, os cidadãos (que são o dito Povo), têm forçosamente de estar informados para se poder governar “bem” (directa ou indirectamente). Isto significa que têm de ter acesso à informação e as capacidades inatas de usar essa informação enquanto base de saber para uma cidadania activa benéfica e consequente. Não actuar perante a corrupção - nas suas variadas formas - significa o falhanço do exercício de cidadania e um golpe de morte no sistema democrático. Assim, a Democracia não se concretiza pois as actividades de corrupção favorecem alguns (os que as praticam) em detrimento de todos os outros. Como todos os outros são o Povo, o "Governo do Povo" - A Democracia – falha, pois é o interesse do próprio Povo que não é salvaguardado.
 Praticar a corrupção é atacar uma das bases em que assenta a própria Democracia: a igualdade de oportunidades. Pois ao mais simples e pequeno acto de corrupção associa-se quase sempre um favorecimento discriminatório e de efeitos negativos para a maioria.
Então, seguindo esta linha de raciocínio, considera-se a corrupção como fruto da incapacidade de actuar dos próprios cidadãos, naquilo que é sua obrigação e dever, independentemente do papel e responsabilidade das autoridades públicas. Se reflectirmos, um Estado ou Sistema de Governo (nacional ou local) existe na medida em que a sua população o permite – aqui, a génese do problema são as práticas sociais e pessoais que estão associadas a uma falta de ética e educação da generalidade dos Portugueses. Obviamente que essa falta de educação não é do ponto de vista académico, mas sim ao nível dos valores éticos e do sentimento de responsabilidade do indivíduo para com a sociedade em que vive e que faz parte, dos seus direitos mas especialmente dos seus deveres.
O papel do Estado, das autoridades e instituições levantará muitas outras e diferentes questões. 
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